Por Marcos Cunha, coordenador do Moderna Idade – Núcleo de Residenciais Geriátricos do SINDIHOSPA. Artigo publicado no jornal Correio do Povo

O Brasil está envelhecendo — e cada vez mais rápido. De acordo com o IBGE, em 2022, as pessoas com 60 anos ou mais são 15,8% da população — percentual que deve chegar a 30% em 2050. O Rio Grande do Sul, especialmente, é o estado com mais idosos e com o menor percentual de crianças.

Dados que trazem uma série de desafios para nosso futuro, como os impactos no sistema de saúde e na previdência. É preciso, também, olhar de forma atenciosa para a institucionalização dessa população: ou seja, os residenciais geriátricos, públicos, privados ou filantrópicos onde viverão muitos desses idosos.

A legislação determina que esses locais devem garantir infraestrutura adequada para propiciar condições de saúde, bem-estar, dignidade e cidadania aos idosos. Infelizmente, vemos com alguma recorrência casos de pseudo residenciais com registros de negligência, abuso físico ou psicológico e violência financeira.

Esta não é a realidade da maioria das instituições. No entanto, tais casos reafirmam a urgência de que a valorização dos residenciais esteja na pauta das políticas públicas, sobretudo com o envelhecimento acelerado da população.

Por exemplo, os serviços públicos de acolhimento são praticamente inexistentes e, quando oferecidos, são precários. Por outro lado, não existe nenhum tipo de incentivo fiscal ou benefícios para instituições privadas, o que abre portas para a clandestinidade e exploração, principalmente para as populações vulneráveis.

Além disso, não temos um cadastro nacional desses estabelecimentos — de modo que não sabemos quantas são e suas condições em todo o país. A pandemia, a inflação e os juros também tornaram mais custosa a operação dos residenciais, assim como o piso da enfermagem que, embora justo e necessário, trouxe enorme despesa sem qualquer fonte de financiamento.

É crucial que os governos olhem com atenção para os residenciais geriátricos. Esses serviços serão cada vez mais demandados e precisam de apoio para prestar seus serviços adequadamente — e, assim, garantir que os idosos vivam com qualidade, saúde e dignidade.