O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio de 2025 foi muito feliz ao propor uma reflexão sobre o envelhecimento da população brasileira. De acordo com o último Censo, hoje temos mais idosos no país do que jovens — e esses números devem crescer ainda mais nas próximas décadas.

Atualmente, 15,6% dos brasileiros têm mais de 60 anos. Em 2070, serão 37,8%, o equivalente a um em cada três habitantes do país. Diante dessa realidade, não apenas os estudantes, mas toda a sociedade deve refletir sobre os desafios do envelhecimento, que têm impacto direto no nosso amanhã.

Com a evolução tecnológica e uma consciência cada vez maior sobre hábitos saudáveis, viveremos mais e melhor. Temos de pensar o idoso não somente como alguém que necessita de cuidados, mas como um cidadão ativo, com acesso à mobilidade, à cultura e à economia — o segmento da economia prateada, inclusive, traz enormes oportunidades de desenvolvimento.

E, claro, temos de fortalecer nossas estruturas de saúde e assistência para uma atenção qualificada a essa população. Nesse sentido, é fundamental que as instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) tenham sua integração ampliada com os sistemas de cuidado.

Essas instituições são fundamentais para a saúde, o bem-estar e a vida em comunidade dos idosos, além de reduzir internações hospitalares e otimizar os recursos da rede assistencial. O apoio e o fortalecimento desses espaços devem ser prioridade nas políticas públicas — hoje, praticamente inexistem ILPIs estatais e gratuitas, enquanto as filantrópicas sobrevivem com grande dificuldade.

Fomentar esse debate entre os jovens é essencial, mas todo o Brasil deveria fazer essa redação do Enem. Afinal, o que está em jogo não são apenas os idosos de agora: são os idosos que todos nós seremos.

Se quisermos desfrutar de um Brasil para vivermos melhor o nosso envelhecimento, temos de ir além da discussão de perspectivas. Precisamos agir, hoje.

Artigo do presidente Henri Siegert Chazan, publicado na Zero Hora em 1º de dezembro de 2025