A combinação de várias tecnologias convergentes, em especial a inteligência artificial, está mudando todas as pessoas e empresas no mundo. E essas forças vão reinventar cada aspecto da saúde nos próximos anos, o que traz grandes desafios, mas também muitas oportunidades ao setor. As projeções para o futuro da assistência foram compartilhadas pelo médico e executivo Peter Diamandis, uma das principais vozes globais sobre a inovação exponencial, em evento nesta quarta-feira (13), em Porto Alegre.
O futurista americano, que é fundador da Singularity University e uma série de negócios disruptivos, palestrou para executivos do setor de saúde e lideranças da inovação do Rio Grande do Sul, em evento no Country Club. A atividade foi promovida pelo SINDIHOSPA (Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre).
“Teremos um século de progresso nos próximos dez anos. E estamos há meia década de distância da inteligência artificial ser tão inteligente quanto toda a humanidade combinada. Isso tem que estar no planejamento dos hospitais”, alertou Diamandis, que enfatizou a mudança do modelo de negócio da assistência, que será dedicado não ao cuidado das doenças, mas da saúde.
“O cuidado de saúde vai se deslocar do hospital para casa. Teremos wearables (tecnologias vestíveis) que vão avaliar nossa fisiologia 24 horas por dia. Ao invés de fazer um check-up anual, faremos um check-up contínuo”, apontou o especialista, que explicou sobre as diversas inovações que vão impactar a vida das pessoas, como robôs humanoides, edição de genoma e extensão da longevidade.
“A IA vai ser a principal força motriz do aumento da longevidade, o que traz um mercado multitrilionário. Isso representa um maior tempo de vida saudável, mais produtividade e redução de custos para os governos”, afirmou Diamandis, alertando que os executivos devem parar de pensar no modelo de negócios de saúde atual. “Ele vai desaparecer. A questão é se você e seu negócio vão liderar isso, ou se será um jovem empreendedor que o fará. Não é uma questão de ‘se’, mas de ‘quando’ isso acontecerá”.
Diamandis falou de projetos como a Fountain Life, que faz uma avaliação diagnóstica altamente especializada, com mais de 200 parâmetros que, somados a uma inteligência artificial, apontam os principais riscos à saúde do paciente. Daqueles que se submeteram aos exames, apontou, 3% tinham câncer e 2,5% possuíam aneurismas não detectados.
“Foi um momento muito importante para refletirmos sobre o futuro da saúde, que já está batendo à nossa porta. As pessoas vão viver mais, muitos tratamentos serão feitos fora dos hospitais. Nossas instituições devem estar atentas a essas transformações, pois não podemos perder o bonde da história”, disse Henri Siegert Chazan, presidente do SINDIHOSPA.
O evento contou com as presenças do cônsul-geral dos Estados Unidos em Porto Alegre, Jason Green; do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Ernani Polo; da secretária estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp; do secretário municipal de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto; do presidente da Confederação Nacional da Saúde, Breno Monteiro; e do presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Claudio Allgayer; e membros do Conselho de Administração do SINDIHOSPA.