Experiências exitosas de adoção de tecnologias para a qualificação do atendimento, além de exemplos das melhores práticas de segurança do paciente adotadas nas farmácias hospitalares do Brasil, foram pauta da programação da 7ª Jornada de Farmácia Hospitalar do SINDIHOSPA (Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre). O evento, realizado nesta sexta-feira (9), reuniu dezenas de profissionais do setor no teatro do prédio 40 da PUCRS, em Porto Alegre.
Ao dar as boas-vindas aos participantes, a gerente executiva do Sindicato, Alessandra Dewes, ressaltou que a realização da jornada reforça a missão da instituição de fortalecer os serviços de saúde da capital. “Entendemos que esse tipo de atividade, de promoção de conhecimento, fortalece os serviços porque traz justamente a atualização aos profissionais, com palestrantes e temas de muita relevância e interesse para o segmento”, salientou.
Os desafios e peculiaridades da Farmácia Clínica em Pediatria foram apresentados por Ana Cristina Machado, responsável pelo serviço de farmácia clínica das UTIs Pediátrica e Cirúrgica do Hospital Pequeno Príncipe, do Paraná. A farmacêutica destacou a importância da atuação harmônica entre a farmácia clínica e a hospitalar na superação das dificuldades impostas aos profissionais no cuidado com pacientes pediátricos.
Segundo ela, embora estatisticamente os erros de prescrição sejam similares aos ocorridos com adultos, nas crianças os impactos são muito maiores ou até fatais. Somado a isso, a falta de medicamentos pensados especificamente para o público pediátrico faz com que praticamente 100% dos medicamentos nessa área sejam “off label” (que não seguem as indicações homologadas para aquele fármaco), prática que amplia as dificuldades. “Na pediatria é o nosso dia a dia não encontrar na bula prescrições específicas para crianças. Nem tudo está escrito, então você vai construindo esse conhecimento em equipe”.
Os avanços obtidos pelo uso da tecnologia na gestão da dispensação dos medicamentos foram apresentados pela equipe do Hospital Tacchini, com o case da Farmácia Mobile. O sistema substituiu as prescrições em papel por palmtops e trouxe mais economia, controle e agilidade, além de reforçar a segurança dos pacientes e promover a sustentabilidade.
A Farmácia Central da instituição atende as prescrições de oito unidades de internação. São 1821 solicitações atendidas e 6.655 itens dispensados diariamente. A alta demanda fazia do setor o segundo em consumo de papel, uma média de 50 mil folhas por dia, número drasticamente reduzido após a implantação do sistema. “Estamos poupando 60 eucaliptos por ano e diminuindo 2,5 toneladas de lixo. Em termos de custos, a economia foi de aproximadamente R$ 54 mil reais por ano, com um retorno de investimento que se deu em nove meses”, mensurou a farmacêutica e Gerente de Negócios do Sistema Tachini, Suhélen Caon.
Na sequência, o uso racional de antimicrobianos foi o tema trazido virtualmente pelo Dr. James Albeiro. Sua fala apontou ações e indicadores de redução de custo em antibioticoterapia e estratégias potenciais para reduzir os custos desse tipo de terapia. Albeiro chamou atenção para um documento divulgado pela OMS em 2016, demonstrando preocupação com a resistência microbiana. “Se nada for feito, em 2050, as infecções por patógenos resistentes causarão 10 milhões de mortes por ano”.
Sobre a atuação do farmacêutico na profilaxia cirúrgica, o farmacêutico Victor Avelino de Almeida, representante do Real Hospital Português de Beneficência (PE), defendeu a análise dos indicadores como importante ferramenta para que os profissionais entendam suas reais formas de atuação e alguns dos principais fatores a serem avaliados antes, durante e depois de procedimentos cirúrgicos.
Outras temáticas
Durante todo o dia, além das palestras sobre a atuação do farmacêutico clínico em pediatria e suas peculiaridades – como a dose unitária e educação para a alta hospitalar na oncologia – os participantes assistiram apresentações sobre outras pautas referentes aos segmentos de farmacoeconomia e indicadores, radiofarmácia, profilaxia cirúrgica, farmácia clínica pós-pandemia e assistência farmacêutica domiciliar ao paciente idoso.
A edição contou ainda com um curso pré-jornada de Avaliações de Tecnologias em Saúde (ATS) no ambiente hospitalar, que, por meio de um case do Hospital de Clínicas de Porto Alegre HCPA, visou difundir o uso de ferramentas de avaliação econômica em instituições hospitalares.